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20200721

Juramentu hemu ran: fraternidade no solidariedade (tuir ema balu)

Juramentu hemu ran: fraternidade no solidariedade (tuir ema balu) (ARTIG0 4)

D Ximenes Belo
Iha fatin balu iha Timor Loro Sa’e laran, nune’e mos iha sidade Dili laran, ema balu (mane, katuas no foin sa’e) halo juramentu hemu ran, ho objetivu rua: hametin irmandade ka fraternidade (dehan katak sai maun-alin), ida seluk mak hametin solidariedade (sai belun, partner, aliados ka solidários) atu tulun malu iha tempu moras no susar nia laran.

Iha Timor, baibain iha família ka uma-kain, labarik barak: mane no feto. Maske nune’e,  iha fatin balu ema  sei hanoin atu hatama tan membro foun, halu juramentu hemu ran ho ema mane seluk atu sai   maun ka alin.

 Bele akontese mane ne’e ema oan mesak; bele mos akontese nia iha maun no alin barak;  maibé, ema balu hakarak nafatin halo juramentu hemu ran atu hametin domin maun no alin ho ema seluk. Entaun sira kombina  halo juramentu hemu ran;  serimónia ida ke halo iha segredu laran: mane A kombina ho mane B, iha fatin ne’ebé ema la hatene, no iha loron ne’ebe ema mos la hatene, sira prepara kopu ida, hafoin lori tudik  hakanek oiton sira nia hirus matan  ka liaman fuan hodi halo turuk (gota) ba kópu laran ran oitoan, no  kahur ho tua mutin ka tua-sabu, hodi hemu. Hahú tempu ne’ebá, mane na’in rua ne’e kosidera aan hanesan maun ho alin to’o mate.

Ezemplu ida hanesan ne’e mak mosu iha Loré (Lospalos), wainhira malae portugés Rui Cinatti ho liurai Loré Adelino Ximenes halo juramentu hemu ran, atu sai maun-alin.

 Uluk kedas ami rona tiha ona istória ida ne’e. Malae Cinatti maske nia ema português hakarak sai timor oan. Nia to’o Timor Portugues, molok funu japonés remata. Nia haree povu timor kiak, kasian, no ukun nain português sira explora. Nia hakerek surat hodi protesta no defende povu timor. Ikus mai, nia hola desizaun: diak liu hau hamutuk ho povu timor: néon ida, klamar ida; destinu ida, moris ida. Ne’e duni, nia husu Liurai Loré Adelino Ximenes,  atu konsidera nia hanesan liurai nia alin. Tanba ne’e sira rua halo juramentu hemu ran nian.

Malae Rui Cinatti rasik mak hakerek kona ba serimónia ne’e:

“Corta-se um dedo, mete-se dentro de um copo com tuasabo, aguardente de palmeira, e depois bebe-se. Há um sacerdote gentio que diz "Maromak feto ! Maromak mane ! ", que quer dizer: "a energia que atravessa o sol fêmea, a energia que atravessa o sol macho". A seguir, tal como sucede na consagração a um bispo, as mãos unidas e um lenço enrolado à volta delas, canta-se um poema: nós dois somos amigos, se vencermos somos iguais, se formos derrotados somos iguais, tu bebeste a água da ribeira dela, eu também bebi a água da ribeira dela.” ( Livro Paisagens Timorenses com Vultos).

Kona ba ne’e, Agência Portuguesa LUSA, fó sai noticia ida ne’e, iha loron 8 fulan marsu tinan 2015, fó sai notisia ida ne’e:

Herdeiros de liurais timorenses recordam pacto de sangue com Ruy Cinatti

Díli, 08 mar (Lusa) - Herdeiros de dois liurais timorenses recordaram histórias dos pactos de sangue que os chefes tradicionais fizeram com Ruy Cinatti no século passado, numa cerimónia hoje em Díli por ocasião do centenário do nascimento do poeta e biólogo português.

A intervenção de Cornélio Ximenes, filho do liurai Adelino Ximenes de Loré e de Saturnino Barreto, bisneto do liurai Armando Barreto, de Ai-Assa, foi um dos pontos altos da cerimónia de hoje que decorreu na escola criada em 2002 em Díli e que desde 2009 tem o nome de Ruy Cinatti.

Os familiares estiveram em Díli numa iniciativa coordenada entre a escola Ruy Cinatti e o Arquivo e Museu da Resistência Timorense em Díli.

"Tinha 10 anos quando se fez o pacto de sangue", recordou hoje Cornélio Ximenes

"O pacto de sangue foi feito num lugar sagrado entre o meu pai e o Ruy Cinatti, de forma privada. Com esse pacto ficam como irmãos gémeos. Havia lá uma casa onde ele viveu e onde ainda há pinturas feitas por um velhote que ainda está vivo", disse.

Cornélio Ximenes disse que Cinatti pediu ao liurai "que tinha 9 mulheres", para dar o seu nome a um filho" e, por isso "hoje há por aí montes de Cinattis".

Saturnino Barreto, por seu lado, recordou que além do pacto de sangue foi feito, em Ai-Assa, uma "cerimónia de bandeira de segunda linha" tendo sido distribuídas bandeiras de Portugal aos 18 chefes de suco da região.

"Sete dos chefes de suco foram com o liurai de Ai-Assa e com o saudoso Ruy Cinatti para Ai-Assa onde houve uma festa de um dia e uma noite. De manhã os sete concentraram-se num lugar sagrado para testemunhar o pacto de sangue", disse.

"A informação que o meu pai me deu não explica o objetivo da cerimónia. O sítio onde foi feito o pacto de sangue é sagrado. E não é qualquer pessoa que lá pode ir", disse.

Os dois descendentes dos liurais descerraram depois uma placa comemorativa do centenário de Ruy Cinatti, inaugurando uma exposição preparada com material documental do Arquivo e Museu da Resistência Timorense em Díli e obras de alunos da escola portuguesa.

Natural de Londres, onde nasceu em 1915, Ruy Cinatti era agrónomo e poeta, dividindo a sua vida entre as ciências humanísticas e as ciências naturais

"Conhecer a sua vida é conhecer um pouco do que foi Timor. Era um homem que aprendia muito depressa o que via e observada. Desde que chegou que tinha uma visão do que deveria ser o desenvolvimento de Timor", recordou o embaixador de Portugal em Díli, Manuel Gonçalves de Jesus.

Cinatti chegou a Timor-Leste pela primeira vez em julho de 1946, como secretário do então governador Oscar Ruas e no ano seguinte, com o país a recuperar das marcas da invasão japonesa, percorreu o território realizando um primeiro estudo.

O seu estudo e a sua análise de Timor englobou temas tão diversos como a botânica, a meteorologia, etnologia e a arqueologia, sendo no pacto de sangue que alcançou uma ligação eterna aos rituais mais sagrados do país.

Cinatti, que nunca deixou de viver essa ligação de "irmão" timorense, é autor do que se pensa ser o primeiro plano de fomento agrário do país e deixou uma vasta obra ainda hoje referência essencial para estudiosos de Timor-Leste.

"Recolheu hoje dados, como por exemplo sobre a arquitetura de Timor-Leste, que nos ajudaram a preservar o conhecimento e a memória de Timor. Com estudos sobre botânica, os motivos artísticos timorenses ou outros", recordou o embaixador.(ASP//GC/Lusa/Fim)

*

POEMA DO PACTO DE SANGUE

Nobres há muitos. É verdade.
Verdade. Homens muitos. É muito verdade.
Verdade que com um lenço velho
As nossas mãos foram enlaçadas.

Nós, como aliados, eu digo.
Panos, só um, tal qual afirmo.
A lua ilumina o meu feitio.
O sol ilumina o aliado.

Água de Héler! Pelo vaso sagrado!
Nunca esqueça isto o aliado.
Juntos, combater, eu quero!
Com o aliado, derrotar, eu quero!

A lua ilumina o meu feitio.
O sol ilumina o aliado.

(Rui Cinatti)



Lisboa, 21 de julho de 2020

Dom Carlos Filipe Ximenes Belo

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