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20150410

RELEMBRANDO DOM ALBERTO RICARDO DA SILVA, BISPO DE DÍLI ENTRE 2004 e 2015

Causou consternação em todo Timor-Leste a morte do Bispo Alberto Ricardo da Silva.

Desde que recebi a notícia da doença que o viria a vitimar, nunca deixei o acompanhar nas minhas humildes orações.

Na noite da quinta-feira santa, dia 2 de abril, recebo a notícia do seu falecimento… Perante tal notícia só tive de me vergar perante o mistério da morte. A agonia e morte de Dom Alberto ocorreram no dia em que em muitas igrejas de Timor-Leste se celebrava a missa vespertina da Ceia do Senhor. Na noite da quinta-feira santa, soavam aos nossos ouvidos as palavras graves do Evangelho de São João: “O Senhor amou-os até ao extremo…”; “tomai e comei, isto é o meu corpo”; “tomai e bebei, este é o cálix da minha aliança…”, Depois da ceia com os discípulos, o Senhor Jesus saiu para o jardim das Oliveiras… ”Pai, passe de mim este Cálix; contundo não se faça a minha vontade, mas a Tua”.

Naquelas horas, no hospital nacional “Guido Valadares”, em Díli, Dom Alberto Ricardo da Silva, certamente, sussurrava: “Pai, nas tuas mãos, encomendo o meu espírito…”

Morreu um sacerdote zeloso e apostólico! Morreu um Bispo piedoso e servidor do Povo de Deus, em Timor-Leste!


Conheci o seminarista Alberto Ricardo no longínquo ano de 1963, no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Dare. Nesse ano entrava eu pela primeira vez no Seminário para frequentar o 2.º ano. E ele, Alberto, andava no 4.º ano. Era baixo, forte, e andava de calções. Era muito requisitado pelo padre Prefeito para as pinturas; nos ensaios de cantos, ele pertencia ao grupo dos “baixos”; nos teatros, (nas peças de Gil Vicente) representava o papel de cómico… e nos jogos de volley, era grade servidor do bolas altas para Chico Lopes rematar… Feito o 5.º ano, foi mandado pelo Senhor Dom Jaime Garcia Goulart para frequentar o curso de Filosofia no Seminário Maior de São José em Macau. Mais, tarde, no tempo do Bispo Joaquim Ribeiro, foi para Portugal, onde frequentou o curso de Teologia no Seminário Maior de Leiria. 

Em 1981, regressei a Timor como padre novo e fui colocado no Colégio de Fatumaca. Nesse ano, o padre vigário geral da Diocese, braço direito do Martinho da Cosa Lopes. 

Em 1983, quando assumi o cardo de Administrador Apostólico, pedi ao padre Ricardo para continuar como vigário geral da Diocese, cargo que exerceu até 1991. Depois do massacre de santa Cruz, devido às pressões dos militares indonésios, mandei-o a Roma para “aggiornamento”. Depois do seu regresso a Timor, foi incumbido de exercer cargos delicados na formação de sacerdotes diocesanos: director do Ano de Espiritualidade (Tahun Rohani) em Dare, e de 1-º reitor do seminário maior de São Pedro e São Paulo, em Díli. 

Em 2004, foi eleito bispo da Diocese de Díli. Governou a grei de Deus com sabedoria e prudência. Em finais de outubro de 2006, visitei-o no paço episcopal de Lecidere. Na breve conversa que tivemos, disse-me: “tive de aceitar, porque o senhor Núncio obrigou-me…faça-se a vontade de Deus…”

A Diocese de Díli chora a morte do seu pastor. Mas, acredito que temos lá no céu um “servo bom e fiel” que intercede por todos nós, os diocesanos da Diocese de Díli, e pelo povo de Timor Loro Sa’e.

Que saibamos seguir o seu exmplo, sobretudo, na oração e no zelo apostólico, na ordem e disciplina eclesiástica

Porto, 9 de abril de 2015
Dom Carlos Filipe Ximenes Belo

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