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20120928

50º. ANIVERSARIO DA ABERTURA DO CONCILIO VATICANO II

1. O que é um Concilio?

No próximo dia 11 de Outubro do corrente ano, ocorrerá o quinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II.1. O que é um Concilio?

No próximo dia 11 de Outubro do corrente ano, ocorrerá o quinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II.

A palavra Concílio significa convocação, congregação, reunião, assembleia. O Concílio é, portanto, uma assembleia de bispos que presidem às várias igrejas particulares para legislar e tomar decisões relativas à fé e à vida cristã.

Os concílios dividem-se em: gerais ou ecuménicos para toda a igreja universal espalhada por cinco continentes do globo; concilio regionais, nacionais ou particulares, destinados a uma determinada zona geográfica, para uma ou mais igrejas particulares.

O Concilio Vaticano II foi um concilio ecuménico, pois realizou-se com a participação dos bispos de todo o mundo, sob a presidência do Papa João XXIII (1962-1963 e, depois, sob a presidência do Papa Paulo VI (1963-1965).

Até agora já houve 21 concílios ecuménicos: Concilio de Jerusalém (ano 51; cfr. Actos dos Apóstolos, 15, 19-21). Niceia (duas vezes: no ano 325 e no ano 787); Constantinopla, 4 vezes; Éfeso (431); Calcedónia; Latrão, em Roma, cinco vezes; Lião (2 vezes); Constância, Basileia; Ferrara (Itália) e Florença; Trento (1545-1563); Vaticano I, no Vaticano, em (1869-1870), convocado pelo Papa Pio IX; Vaticano II, no Vaticano, (1962-1965).

O Concilio Vaticano II: A ideia de convocar um concílio ecuménico já tinha sido ventilada pelo Papa Pio XI em 1923, e pelo Papa Pio XII que para tal chegou a nomear uma comissão em 1948. Mas, razões de vária ordem levaram o Papa a deixar cair o projecto em 1951.

Foi o Papa João XXIII quem lançou a ideia da convocação de um concilio ecuménico, numa reunião com os Cardeais na Basílica de São Paulo extramuros, no dia 25 de Janeiro de 1958.

Em 1959 constituiu-se uma comissão ante-preparatória, presidida pelo Secretario de Estado do Vaticano, Cardeal Tardini (17 de Maio de 1959). Tomou-se depois a iniciativa de fazer uma consulta por carta a todos os Bispos do mundo, Congregações romanas, Gerias das Ordens e Congregações religiosas, Universidades Católicas, Faculdades de Teologia e Seminários Maiores, pedindo sugestões e temas para o Concilio. Nesse mesmo ano O Papa João XXIII publicou a Encíclica Ad Petri cathedram dando as primeiras indicações sobre a finalidade do Concilio. Foram então formadas 12 comissões e 3 secretariados preparatórios do Concilio. A 25 de Dezembro de 1961, pela Constituição Apostólica Humani salutis, o Papa convocou oficialmente o Concilio ecuménico para o ano de 1962.

A abertura do Concilio Vaticano II realizou-se no dia 11 de Outubro de 1962.

2. A participação do Bispo de Dili (Timor Português) no Concilio Vaticano II.

Naturalmente como todos os Bispos residenciais, Dom Jaime Garcia Goulart, Bispo de Díli, desde 1945, viajou até Roma, para tomar parte nos trabalhos da Primeira Sessão do Concilio. Ao deixar a Diocese, Dom Jaime nomeou, como Governador do Bispado, o padre timorense Jorge Duarte Barros.

No dia 11 de Outubro de 1962, no Largo de Lecidere, em Díli, pelas 16 horas, realizou-se uma celebração eucarística com a participação de sacerdotes, fiéis de Díli, alunos das escolas católicas de Balide (madres canossianas) e Lahane (padres salesianos), alunos do Colégio de São Francisco Xavier (Dare) e do Seminário de Nossa Senhora de Fátima (Dare). A missa foi rezada em Português pelo Governador do Bispado, Reverendo Padre Jorge Barros Duarte. Na homilia o celebrante explicou o que era um Concilio e quais as finalidades do Concilio do Vaticano II. Pedia ainda orações e sacrifícios para o bom resultado do mesmo. Recordo-me que nesse longínquo mês de Outubro, o Padre Jorge Barros Duarte havia publicado um livrinho expondo a história dos Concílios Ecuménicos.

Dom Jaime Garcia Goulart, ao regressar da primeira sessão, falou-nos da alegria que teve em poder participar naquela magna assembleia de bispos de todo o mundo…e disse-nos a nós seminaristas, que o Concilio iria trazer muitos frutos à Igreja e para os cristãos de Timor.

3. O sacrifício oferecido pelo bom sucesso do Concílio

No ano de 1962, terminava eu o exame da 4ª classe no Colégio de Santa Teresinha em Ossú (15 de Julho). No dia 18 de Setembro do mesmo ano, dava entrada no Colégio de São Francisco Xavier em Dare para depois entrar no Seminário.

Nós éramos 18 alunos do 1º Ano. Na manhã doa 11 de Outubro, por causa da abertura do Concilio Vaticano II os nossos superiores deram-nos feriado. Mas, a parte da manhã foi ocupada em limpezas dos jardins e dos cafezais da Missão. Com alguns colegas, entre os quais se contavam Rogério Lobato, Lucas da Costa, Henrique Magno, Jaime Lobo, Paulo dos Santos Amaral, Francisco Aparício Guterres, Paulino Magno e José Exposto, fomos limpar o quintal que circundava o edifício das aulas (2º. Ano e 3º. Ano) e da capela.

O trabalho consistia em juntar as folhas secas do cafeeiro e queimá-las, e arrancar as ervas daninhas. E eis que ao juntar as folhas, uma esquivo escorpião (em Tetum, lacrau) escondido entre as folhas, deu-me tamanha picadela no dedo, o que me fez suar e gemer de dores… A picadela na mão esquerda provocou uma intensa dor que foi subindo do dedo para mão e, da mão para o braço, até se localizar no sovaco. Procurei não dar sinal de dor aos colegas. Mas, lembrando-me daquilo que o Padre Espiritual nos pedia na conferência do dia anterior (orações e sacrifícios pelo sucesso do Concilio Vaticano), apenas disse para comigo mesmo: “vou oferecer este sacrifício pelo sucesso do Concilio Vaticano… e logo, à tarde, oferecerei também a missa, sacrifício de Cristo, pela mesma intenção”. Com este pensamento fui aguentando a dor durante todo o dia. Mas aquela situação só passou, depois de termos participado à Eucaristia e de termos regressado a Dare, pelas 19 horas.

A abertura do Concílio no dia 11 de Outubro de 1962 ficará, para mim pessoalmente, como um “farol de Díli” que jamais esquecerei. E foi há cinquenta anos!

Porto, 26 de Setembro de 2012.

Dom Carlos Filipe Ximenes Belo
Prémio Nobel da Paz 1996.

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