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20120522

Discurso do Senhor Presidente do Parlamento Nacional

  • Por ocasião da visita de Sua Exa. Presidente da República Portuguesa Prof. Aníbal Cavaco Silva, 21 de Maio de 2012.
Exmo. Senhor Presidente da República Portuguesa Prof. Aníbal Cavaco Silva,
Exmo. Senhor Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Dr. Paulo Portas,
Exmo. Senhor Secretário de Estado da Educação de Portugal,
Exmos. Senhores Deputados da Assembleia da República Portuguesa,
Exmo. Senhor General Ramalho Eanes,
Exma. Senhoras e Senhores Deputados,
Exmo. Senhores Embaixadores e membros do Corpo Diplomático,
Exma. Senhoras e Senhores,


É com muita emoção que saúdo oSenhor Presidente Aníbal Cavaco Silva, e lhe dou a si e à sua comitiva as boas vindas ao Parlamento Nacional de Timor-Leste. Recebê-lo nesta Casa é não só uma enorme honra, mas também a oportunidade de um reencontro com um velho Irmão de Timor-Leste. Não esquecemos que nas idas décadas de oitenta e noventa do século passado, quando o Senhor Professor Cavaco Silva foi Primeiro-Ministro de Portugal foram dados passos fundamentais para assegurar mais tarde a independência de Timor-Leste. Num momento em que as portas da diplomacia estavam fechadas, a persistência amiga de Portugal, honrando séculos de relacionamento e amizade desinteressada, foi determinante para manter a chama acesa e continuar a ter confiança no futuro.

A visita de V.Exa não podia ser em momento mais oportuno, pois Timor-Leste atravessa um momento de mudança único na sua história. Não se trata apenas da comemoração dos dez anos da independência, mas sim a coincidência de estarem reunidos um conjunto de factores que nos permitem acreditar que o desenvolvimento de Timor-Leste no futuro próximo será bastante promissor. A estabilidade democrática, testada nas recentes eleições presidenciais e as boas perspectivas económicas são elementos que nos fazem acreditar que finalmente chegou a nossa vez.

Para isso contamos com Portugal!

É fundamental para nós que Portugal assuma um papel de relevo no processo de desenvolvimento estruturado do nosso país. E digo isto, não apenas pelos laços de amizade profundos e inquestionáveis que nos unem, mas porque Portugal poderá ser o parceiro no desenvolvimento que garante o equilíbrio entre as diversas forças e interesses que se degladiam na região. A distância, que tantas vezes arrefece relacionamentos, no nossocaso, terá que ter um significadooposto. A distancia tem que ser vista como um factor de vantagem decisiva. Ao estar longe de Timor-Leste, Portugal, está também longe da dinâmica estratégica e política da região onde nos encontramos, o que nos permite colaborar política e economicamente de um modo isento, franco e genuíno.

Acreditamos, por isso, que o contributo de Portugal para Timor-Leste é bem mais que apenas um parceiro de desenvolvimento. As fortes relações com Portugal são verdadeiramente um factor fundamental de estabilidade e equilíbrio para Timor-Leste. Alcançadas as boas relações politicas teremos que dar passos para que se estabeleçam boas relações económicas. Garantir a presença de mais empresas portuguesas deverá ser considerado um factor estratégico, pois só deste modo conseguiremos conservar para as gerações futuras esta relação de proximidade tão especial, emotiva e de carácter excepcional no pragmático mundo das relações internacionais.

Ao garantirmos mais empresas portuguesas em Timor-Leste contribuímos também para vencer um outro desafio que temos, bem mais exigente e difícil de alcançar: a consolidação da identidade timorense.

Para sobrevivermos num continente com as características dinâmicas como a Ásia, temos que nos afirmar de um modo único distinto e original. Temos que assegurar que não nos deixamos absorver por forças culturais próximas e ter a tenacidade de saber criar a nossa própria realidade cultural.

A nossa cultura é baseada na diferença e, deste modo o multiculturalismo éintrínseco à identidade de Timor-Leste, e continuará a ser, como sempre foi, um elemento fundamental da vida colectiva. No entanto, tem que ser enquadrado pelo objectivo maior da consolidação do Estado em torno de uma identidade cultural e política, forte e original, na região sudeste asiática e no mundo. Prejudicar este desígnio essencial, sobretudo na perspectiva iminente da adesão à ASEAN, seria condenar o país à irrelevância e, a prazo, à subordinação.

Neste sentido, devemos apoiar e aprofundar as opções tomadas há dez anos, consagradas na Constituição em relação à politica de desenvolvimento das duas línguas oficiais, o tétum e o português, que depois de nacionalizada, é tão portuguesa quanto timorense. Foi uma escolha esclarecida, incontestada entre os timorenses, e que cada vez faz mais sentido face aos desafios futuros.

A língua portuguesa é para nós o factor distintivo fundamental que nos garante a afirmação da nossa cultura na região. Garante-nos também a aproximação, não só a Portugal e à Europa, mas também ao Brasil e aos países africanos de língua portuguesa. Um clara vantagem em relação aos países vizinhos e à região.

Por estas razões, Senhor Presidente, peço-lhe que garanta que Portugal nos continue a ajudar no desenvolvimento desta nossa política. Na fase em que nos encontramos, abrandar esta politica seria para nós um revés de enormes proporções.

Mas o investimento na língua portuguesa tem que ser visto noutras perspectivas mais ambiciosas que o ensino. A língua tem que ser vista também pelo seu interesse económico e neste sentido, não posso também deixar de sublinhar que a presença de mais empresas portuguesas em Timor-Leste contribuemde uma forma determinante na promoção da língua portuguesa, pois são factor motivador decisivo para os jovens, que como sabe terão que ser o garante de sucesso desta política. Falar português tem que ser visto pelos jovens como um incentivo para ter um emprego melhor.

A língua portuguesa não pode ser vista como um luxo de apenas acesso às classes privilegiadas, mas sim como um instrumento potenciador de melhor emprego e de oportunidades profissionais e académicas. A língua portuguesa, em Timor-Leste, tem que ser encarada como uma porta para o mundo e para o acesso ao conhecimento e à ciência.

Em troca, estou certo que Timor-Leste também tem bastante para dar.

Apesar de aparentemente sermos um mercado pequeno de cerca de um milhão de pessoas, em breve faremos parte da ASEAN, onde de um milhão passaremos estar integrados no mercado de 500 milhões de pessoas, e talvez o mais dinâmico e promissor mercado do mundo.

Ambicionamos, ser o facilitador deste mercado para Portugal e para os países de língua portuguesa. A nossa ligação a Portugal e à Europa podem ser determinantes para podermos ser a porta de entrada para produtos para a ASEAN. Estou certo que as empresas portuguesas saberão beneficiar da sua presença em Timor-Leste para conquistarem mercados na região. Timor-Leste tem o dever e o interesse de cumprir este papel. Temos recebido muito de Portugal e agora é também a nossa vez de contribuir.

Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,

As relações excepcionalmente emotivas entre Portugal e Timor-Leste, são o ingrediente essencial para que se crie uma plataforma ímpar e bi-unívoca de interesses lusófonos na região.

Por fim, não posso deixar de dar uma palavra de agradecimento à UCCLA e ao Eng. Miguel Anacoreta Correia pela exposição que nos ofereceu, e que inauguraremos dentro de momentos.Espelha bem a força que a lusofonia tem e que pode ter no mundo. Lutar pela lusofonia é lutar pelo nosso espaço, é lutar por um modo de estar diferente e original, que só enriquece este mundo global que se constrói todos os dias.

O futuro espera por nós e as nossas Nações convocam-nos para nos unirmo-nos em torno de desenvolvimento e afirmação dos nossos países.

Muito obrigado!

Fernando La Sama de Araújo

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