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20101012

TIMOR-LESTE E NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

(Por Dom Carlos Filipe Ximenes Belo)

Nos últimos anos, têm sido frequentes as peregrinações de Timorenses a Fátima, Portugal. É que em Timor-Leste a devoção à Virgem Maria, Mãe de Jesus, invocada sob o título de Nossa Senhora Fátima, está muito enraizada na piedade mariana dos cristãos.

Como sabemos, foi a 13 de Maio de 1917, que Nossa Senhora apareceu a três crianças de Aljustrel, freguesia de Fátima: Lúcia de Jesus, de 10 anos, e seus primos Francisco e Jacinta Marto, de 9 e 7 anos respectivamente. Eles andavam a guardar os seus rebanhos na Cova da Iria, quando, por volta do meio-dia lhes apareceu a Virgem Maria, enquanto eles rezava o terço. Nos meses seguintes, até Outubro inclusive, Nossa Senhora voltava a aparecer aos três pastorinhos, excepto no mês de Agosto, que foi a 19.

Nessa Aparições, a Virgem Maria pedia aos três pastorinhos que rezassem muito pela conversão dos pecadores, pela pelo Santo Padre e pela paz no mundo.

A Igreja reconheceu a autenticidade das Aparições de Fátima e enalteceu as verdades essenciais do Evangelho contidas nas mensagens de Nossa Senhora: oração, penitência e conversão.

E quando chegaram as notícias a Timor? Não sabemos exactamente quando os missionários e os cristãos de Timor começaram a ouvir falar de Fátima.

Lembramos apenas que no ano de 1917, estava-se a viver um período de aparente acalmia, depois da guerra de Manufahi (1911-1912). O Governador da altura, Filomeno da Câmara Cabral tinha encetado um plano de desenvolvimento económico e social. Os missionários no território eram apenas dez. Nesse ano de 1917, o Governo da colónia tinha aprovado e adoptado a Cartilha do padre Manuel Mendes Laranjeira. Em 1922, era nomeado Bispo de Macau e Timor Dom José da Costa Nunes que realizou várias pastorais às Missões de Timor. Era mais provável que na década dos anos 20 do século XX, os padres já tivessem ouvido falar das Aparições de Nossa Senhora, na Cova da Iria, Fátima.

Quando o Presidente José Ramos Horta visitou o Santuário de Fátima em Julho de 2008, o Reitor do Santuário dizia que nos Arquivos do Jornal “A Voz de Fátima”, havia um documento segundo o qual “já em 1929, se falava do culto de Nossa Senhora de Fátima em Timor”.

Porém, foi na década dos anos 30 do século XX que Fátima ficou a ser mais conhecida. A propagação do culto de Nossa Senhora de Fátima começou na Missão de Manatuto em 1933, pela acção do padre Ezequiel Pascoal Enes. Em 1936, na Missão de Soibada, o Superior da missão, Padre Jaime Garcia Goulart, mais tarde, 1º Bispo de Díli, acabava de fundar o Pré-Seminário, destinado à formação de sacerdotes nativos; e ele mesmo quis essa instituição se chamasse Seminário de Nossa Senhora de Fátima. Em Outubro de 1937, era inaugurada a Igreja de Suro (Ainaro), dedicada a Nossa Senhora de Fátima. Em 1939, foi inaugurada construiu-se a Capela de Fatubessi, tendo como Padroeira Nossa Senhora de Fátima. Em 1939, foi benzida a capela de Watolari, dedicada a nossa senhora de Fátima. E em 1940, a capela de Fatumaca (Wailili), a consagrada à Mãe do Céu, com o título Nossa Senhora de Fátima.

Em 1942, deu-se a invasão japonesa do território de Timor-Leste. Numa situação de guerra, de sofrimento e de carências, os Timorenses mantiveram viva a devoção a Nossa Senhora, rezando o terço nos seus esconderijos, nas grutas, nas florestas e nas montanhas, pedindo o fim da guerra e o estabelecimento da Paz.

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