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20081020

Ai-Siri-Mau que nunca esqueci

Husi* Celso de Oliveira

(Ai-siri-mau é um lugar onde morreram muitos adversários políticos timorenses no ano de 1975, numa localidade no centro de Timor, chamado Aileu. Ironicamente, no estrangeiro, quando o governo de Moçambique cedeu um espaço para timorense, eu decidi pôr o nome Ai-siri-mau).

Como todos nós sabemos, já fui condenado a cerca de 7 anos de prisão. Mas, infelizmente, só vivi na prisão cerca de 3 meses. Fui libertado pela política da minha geração. A minha culpa, como todos nós sabemos, foi ter mandado distribuir armas aos civis, em 2006, durante a crise político-militar em Timor Leste.

I
Eu sou timorense, mas não sou como qualquer timorense. Como um timorense com um estatuto especial, logicamente, eu tenho privilégios em Timor Leste. Eu fui eleito como ministro, porque eu tinha privilégios. Se eu não tivesse estes privilégios, já tinha sido esquecido pela minha família e sociedade timorense. Graças aos privilégios que tive, hoje em dia, sou um homem livre, embora tinha cometido erros no passado. Graças à política da minha geração, hoje em dia, sou um homem livre, embora em 2006 tenha dado ordem para matar e aniquilar os meus adversários políticos.

O tribunal de Timor Leste provou que era um dos culpados da crise de 2006. Mandou-me para a prisão de Becora. Durante o julgamento, consegui ter muitos advogados de defesa. Consegui arranjar mais de 10 advogados, entre timorenses e estrangeiros. Isso tudo, graças ao privilégio que eu tive, graças à política da minha geração. Eu próprio não sei de onde veio tanto dinheiro para pagar aos advogados. Eu próprio não sei de onde veio o dinheirão para pagar as minhas férias no estrangeiro. Com apenas quatro anos no governo de Timor Leste (2002 até 2006), consegui ter uma elevada quantia na minha conta. Foi do meu próprio trabalho de quatro anos ou graças à bondade dos meus amigos, eu não sei. Só Deus é que sabe. O que certo é que um ministro em Timor não recebe mais do que 1000 dólares americanos por mês. Actualmente, tenho mais de um milhão de dólares americanos na minha conta.

Embora dito na Constituição da República de Timor Leste que todos os cidadãos timorenses devem ser tratados iguais perante a lei, na verdade, há sempre desigualdades. O meu caso é um exemplo. Eu fui condenado a 7 anos de prisão mas cumpri apenas três meses e fui libertado, enquanto outros cidadãos continuam a viver na prisão de Becora. Para mim, se a justiça não funcionar bem, tenho certeza de que a prisão servirá, apenas, para os pequenos, para os fracos, para o povo simples. Gente como eu: um político e um empresário, um eis- ministro e eis- tropa, não mereço viver nas prisões em Dili.

II
A minha primeira mulher está abandonada. Os meus filhos estão abandonados. Mas estou feliz. Graças à política da minha geração. Segundo um astro chinês, quem nasceu no mês de Julho tem responsabilidade dentro de casa. Mas por causa da ambição política, eu abandonei a minha responsabilidade paternal. Eu fiz tantos erros no passado. Eu cometi muitos pecados no passado.

III
Aquela história de contrabando de diamantes em Angola, nos anos 80, era verdadeira. Naquela altura, em 1984, já tinha sido afastado da direcção do meu partido. Procurei outra forma de vida. Eu estava a sair do aeroporto de Angola com uma mala cheia de diamantes para vender na Europa e para conquistar nova amante. De repente, o segurança de aeroporto mandou-me parar e revistou a minha mala e encontrou diamantes dentro da mala.
Fui condenado pelo tribunal de Angola a cerca de 7 anos de prisão. Os jornais locais de Angola falaram sobre mim. “O preço da ambição” disse um dos títulos do jornal angolano.

IV
Eu não devia ser político. Eu não devia ser militar. Porque eu fui educado numa boa escola católica para ser padre, para ser um bom pai. Nunca tinha pensando que um dia iria dar ordem aos meus soldados para matar muitos prisioneiros da guerra. Hoje em dia, a minha mão está suja de sangue. Sangue das viúvas e órfãos da guerra.

Ai-siri-mau é um lugar onde morreram muitos adversários políticos timorenses no ano de 1975, numa localidade no centro de Timor, chamado Aileu. Ironicamente, no estrangeiro, quando o governo de Moçambique cedeu um espaço para mim, decidi pôr o nome Ai-siri-mau. Ai-siri-mau que nunca esqueci.

V
Sou um timorense diferente dos outros. Tenho um estatuto especial. Embora tenha sido condenado pelo tribunal de Angola por tráfico de diamantes, o tribunal de Dili condenou-me por distribuição de armas aos civis, mas quando o meu partido voltar ao poder, eu estarei aí para governar Timor.

Eu tenho que agradecer aos meus amigos, embora no passado tivéssemos muitos problemas em Angola, Moçambique e noutras partes do mundo. Mas hoje em dia, se não fossem eles, já tinha sido esquecido pela sociedade timorense, por causa dos meus próprios erros.

Graças à boa vontade da minha geração da guerra, hoje em dia sou um homem livre. Se a justiça funcionasse bem em Timor Leste, eu estaria na prisão, como um condenado de pena perpétua.

VI
Eu não preciso de trabalhar para sobreviver. A minha sobrevivência depende da forma como mentir ao povo timorense. O que eu preciso de fazer, é melhorar a minha forma de saber mentir. A minha ambição para voltar ao poder continua existe. Por isso estamos a organizar uma marcha da paz. O nome é MARCHA DA PAZ mas nao é verdadeira PAZ, é uma tentativa para chegar ao poder.

Uma boa leitura.
Ámen….

*Koloborador Forum Haksesuk,hela iha Inglatera!

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