(O Major José era o primo do homem de quem eu vou falar)
I
Esta história não é uma história inventada. Não é ficção. Também não é um trabalho académico. Mas, é real. Quase todas as histórias de assassinatos em Timor Leste são semelhantes, têm motivos políticos e originam os mesmos sentimentos. De 1975, 1999 até 2006, os timorenses foram manipulados por razões políticas para se matarem uns aos outros. O arrependimento vem depois. Em 1975, uns eram da UDT, outros da FRETILIN. Em 1999, uns eram independentistas, outros integracionistas. Em 2006, "Quem fala e não faz, o povo deu lição com a mudança política", disse, José Luís Guterres, vice primeiro ministro da AMP no encontro com jovens e estudantes timorenses na cidade de Coimbra. O que certo é que os DOIS LADOS "eram e são" timorenses.
I
Esta história não é uma história inventada. Não é ficção. Também não é um trabalho académico. Mas, é real. Quase todas as histórias de assassinatos em Timor Leste são semelhantes, têm motivos políticos e originam os mesmos sentimentos. De 1975, 1999 até 2006, os timorenses foram manipulados por razões políticas para se matarem uns aos outros. O arrependimento vem depois. Em 1975, uns eram da UDT, outros da FRETILIN. Em 1999, uns eram independentistas, outros integracionistas. Em 2006, "Quem fala e não faz, o povo deu lição com a mudança política", disse, José Luís Guterres, vice primeiro ministro da AMP no encontro com jovens e estudantes timorenses na cidade de Coimbra. O que certo é que os DOIS LADOS "eram e são" timorenses.
Uma vez, cruzei-me numa estação de metro em Lisboa, Portugal, com o homem que em 1975 era tropa e que deu ordem para os seus soldados ou os seus milicianos matarem mais de 200 prisioneiros de guerra, em quatro localidades, numa aldeia no centro de Timor, chamada Aileu. Alguns dos prisioneiros eram jovens, chefes da família, etc...Entre os soldados ou milicianos e os prisioneiros da guerra, havia irmãos ou familiares uns dos outros.
O homem de quem falo, era alto, de cabelo ondulado, moreno e tinha fugido da guerra civil em Timor Leste em 1975, para Portugal.
O homem confessou todos os pecados que fez durante a guerra civil em 1975 e prometeu que não ia voltar para cometer os mesmos erros do passado e não ia ocupar qualquer posição política num Timor independente. “Se Timor for independente, eu preferia viver dum modo simples, para puder recuperar moralmente dos pecados que cometi, durante a guerra civil em 1975”, disse o homem.
II
A minha mesa de secretária está cheia de papeladas de novos projectos para a construção de Timor. Muitas vezes o meu chefe de gabinete mandou alguns documentos assinados para gráfico sem eu tinha conhecimento. Tenho um bom laptop, oferta dum amigo, uma boa impressora de marca cânon, um copo de água fria e uma fotografia da minha dama. Na parede, há duas fotografias de dois líderes timorenses que eu admiro: José Ramos Horta e Xanana Gusmão. Os dois são líderes que colocam o interesse nacional acima do interesse pessoal e do partido.
Todos os dias leio os jornais de Timor, sobretudo o STL (Suara Timor Lorosa'e) e o Timor Post. Uma vez, fiquei surpreendido quando me deparei com as notícias sobre o homem que cometeu erros em 1975. Está sob investigação da polícia timorense, por ter distribuído armas aos civis.
De certeza, que um homem com este procedimento, não merece o meu respeito.
III
Quando o homem estava no governo, sentia-se muito orgulhoso. O mundo, o poder eram dele. Ele fez tudo e ninguém levantou a voz contra a sua decisão. Um dia, ele mandou a polícia capturar um grande líder da resistência das Forças Armadas, chamado irmão Lbo'ot. Ele não devia fazer isso, porque ele não era polícia nem juiz para poder capturar pessoas. Mas ele fê-lo, por ódio e vingança política.
Em 2002, conseguiu ter um bom casarão em frente da praia de Farol. Tinha 2 carros de luxo, estacionados na sua nova garagem. Casou pela segunda vez com outra mulher. A sua vida era muito feliz.
“Era uma coisa, agora é outra coisa. Antigamente, os meus amigos eram pessoas simples, hoje em dia os meus amigos são empresários e grandes políticos de Timor ”, disse o homem.
IV
O comunismo foi rejeitado na Indonésia em 1965 numa operação chamada G 30 S ou Movimento 30 de Setembro. Em Timor Leste, nos anos de 1974 e 75, o comunismo foi introduzido por comunistas portugueses, mais propriamente oficiais milicianos esquerdistas e por estudantes universitários timorenses idos de Lisboa após 25 de Abril. Por isso, provocou a entrada da Indonesia "militarmente" em Timor Leste em 07 de Dezembro de 1975. No mesmo ano foram mortos mais de 200 prisioneiros da guerra civil timorenses em Aileu, Maubisse e Same . Os prisioneiros da guerra civil que morreram em 1975 em Aileu, Maubisse e Same devem-ser recordados, respeitados e honrados, porque eles eram anticomunistas. Tenho consciência para dizer que a independência de Timor foi alcançada não apenas por Fretilin mas por todos filhos timorenses, sejam eles filhos da FRETILIN, da UDT ou da APODETTI.
Segundo Xanana Gusmão no seu discurso ao povo e aos líderes e membros da Fretilin, dia 22 de Julho de 2006: - para limparem o nome de todos os que a FRETILIN assassinou porque os considerava traidores, mas que não eram traidores, apenas não aceitavam a ideologia marxista-leninista, e para que as suas famílias possam estar descansadas. - que a FRETILIN pedisse desculpa ao Povo, sobretudo aos familiares das vítimas.
Uma boa leitura.
* Celso Oliveira, poeta timorense vive em Londres.
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