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20080709

A Teimosia dum Político II

Por: Celso Oliveira*

I

Fui criado numa família católica, numa aldeia pequena, no centro de Timor. Cresci naturamente na minha aldeia pequena e bonita, tornei-me jovem e entrei nas tropas. Em 1975, quando começou a guerra em Timor, eu fui um dos fundadores das forças armadas de Timor. Depois de ter formado as forças armadas de Timor, eu fugi para estrangeiro. Deixei Timor Leste em guerra civil. As milícias que eu organizei e treinei, mataram muita gente inocente no centro de Timor, sobretudo em Aileu e Same.

No princípio, no estrangeiro, enquanto Timor Leste estava em guerra contra a Indonésia, eu procurava apoio para ajudar Timor. Fui nomeado como ministro da defesa de Timor. Fui até à China, Rússia, Cuba, Angola, entre outros países de esquerda, para pedir apoio financeiro e armamento para ajudar Timor. Em geral, eu tive uma boa vida, porque consegui ter muitos apoios financeiros.

A partir de meados de 1980, eu tive um problema com a direcção do meu partido, pelo que fui demitido por essa direcção, no estrangeiro. Senti-me frustrado e traído. Cansei-me de fazer política a favor de Timor independente.

Depois do massacre de Santa Cruz em 1991, procurei então o meu velho amigo e organizámos uma associação com o objectivo de manter amizade com a Indonésia. Conseguimos. Esse grupo da associação de amizade com a Indonésia visitou esse país, por duas vezes.

Desde 1991, deixei por completo de fazer campanha política a favor de Timor independente. Nunca participei nos encontros políticos do meu partido. Casei com uma mulher timorense e concentrei-me na minha vida familiar.

II

Regressei a Timor Leste após 1999. Deixei a minha mulher e filhos abandonados no estrangeiro. Procurei apoio político na base do meu partido para poder candidatar-me ao futuro governo. O povo de Timor, cuja maioria era analfabeta, olhou para mim como se fosse um grande líder dentro do meu partido. E, com esta realidade, eu aproveitei-me para organizar e manipular uma nova associação, chamada veteranos. O meu objectivo, depois de ter organizado a associação veterana, era usar esta associação como base da minha candidatura para o futuro cargo do governo. E fui bem sucedido.

Em 2002, após a independência de Timor em 20 de Maio, fui chamado e eleito como ministro. A partir daí, senti-me muito orgulhoso. Casei pela segunda vez com segunda mulher mais nova, de corpo perfeito (sexy), para ter filhos. Não queria saber se a Igreja Católica de Timor ia aceitar ou não a minha decisão. A associação que eu criei, chamada veterana, deixou por completo de ser da minha responsabilidade. Não queria saber se a sociedade civil ia avaliar o meu modo de viver ou não. O que é certo, é que eu tenho poder absoluto no meu Timor independente. O meu partido está no governo. A minha gente está no poder.

Em 2006, aconteceu uma crise política militar em Timor. Eu recebi ordens e mandei distribuir armas à população civil. Os meus objectivos eram matar todos os meus adversários políticos e controlar todo o território de Timor. Foi assim que eu fiz em 1975, quando eu era superior e mandei capturar pessoas inocentes, bati nelas, meti-as nas celas em QG e, finalmente, dei ordem para as matar.

III

Afinal, o que eu estava a pensar, era muitíssimo errado. O povo de Timor não era estúpido. Eu era e sou estúpido. Eu pensava que o povo ainda continuava a manter a mentalidade antiga, e que era fácil manipulá-lo. Mas já não era e não é assim. O povo de Timor, depois de tantos anos de luta, sofreu e morreu. Agora mudou a sua mentalidade. Eu devia pensar que a guerra e a violência em Timor Leste eram e são protagonizadas pelos políticos. Eu devia pensar que depois de tantos anos de sofrimento, BASTA de manipular e explorar o povo de Timor.

Ora bem. Fui condenado por ter distribuído armas aos civis. Fui condenado a cerca de 7 anos de prisão. Mas fui libertado pela política da minha geração. Graça a Deus. Para mim, o povo inocente é o que vive nas prisões de Becora e Gleno.

Eu sou político, empresário, e se a justiça não funcionar bem, eu vou passar férias ao estrangeiro!

* Poeta timorense, vive em Londres, coloborador Forum Haksesuk!

1 comentário:

  1. Sim senhor !!!
    Eras instruído militarmente, com espírito lealdade à Pátria, andaste na tropa, fundaste as forças para a defesa da nação chamada Timor-Leste, mas deixaste o povo a sofrer e morrer na sequência das suas garras. Mas fugiste sem rastos por isso ainda estás com vida, senão hoje, és um herói nacional da RDTL, com ou sem a vida. Viveste no continente africano, gozaste as ajudas pela causa do povo timorense, até houve histórias esquisitas acerca de ti durante a tua estadia naquele continente, diziam que o teu nome está consta no black list de Angola não se sabe o porque. Em Portugal, eras um bom chefe da família, desprezaste a resistência timorense e colaboraste com os lacaios de Jacarta, mas estiveste como membro do governo num TL independente ? Quem é que te deu as mãos para ser o ministro, obviamente seus camaradas de aventura, não foi ? Estiveste preso pela justiça, não foi ? E agora, estás livre pela mão-amiga do PR ? És mesmo sorte meu, que granda facada nas costas da justiça timorense...depois de teres feito um grande crime contra os teus próprios irmãos timorenses, lá vem a sorte, o INDULTO PRESIDENCIAL E A IMPUNIDADE.
    Não vais mais ser governante pois não ? Não vais cometer mais crimes pois não ? Não vais vender os ai-kamelis as escuras pois não ? Não vais formar mais milícias para a defesa da FRETILIN pois não ? Não vais distribuir mais as armas aos civis para matar os adversários da FRETILIN pois não ?
    Pois, estas livre e o Povo de Timor-Leste ainda está com a traúma do ESQUADRÃO DA MORTE por ti criaste. Quem sabe os actuais governantes, os quais foram os teus alvos para serem abatidos também estão com receios por teres mais sorte que eles ?
    Em suma, os matebians heróis tombados pela Independência, sem nomes, sem as campas te vigiem, te seguem, de olhos bem postos em ti dia e noite. Se és um timorense, tens o sangue timorense, se vieste de um dos bei-ala de Timor, se tens uma-lulik, se tens tradição,se tens uma cultura, estás sujeito a ser submetido a justiça divina. Porque por "sorte" artificial estás imune face a justiça de Timor-Leste neste momento mas a divindade também faz parte da tua vida...
    Hoje ganhas um pão, amanhã perderás um saco trigo. Tudo depende de omnipresença da «invisivel hand» e da omnipotência de Deus !

    Uma palavra de congratulação do FH ao Celso Oliveira, pela contribuição.

    FH*

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