SE EU SOUBESSE QUE "ERA" ASSIM O NOSSO DESTINO, EU NÃO LUTAVA
Eu que andei na luta, que perdi a minha infância, a juventude, a minha formaçãoe o futuro. Eu que assisti à guerra, aos sofrimentos, às dores, às tristezas e às lágrimas. Eu que vi a morte dos meus pais e a violações das minhas irmãs. Eu que chorei pelo meu pai morrendo, pela minha mãe violada, pelo meu filho perseguido, pelo meu irmão desaparecido, pelo meu íntimo amigo esfaqueado, pelo meu tio que chorou por causa da minha tia que foi violada e pelos meusbens que foram saqueados. Eu que percorri montanhas de Timor Lorosa'e, "sae foho, tun foho", com arma M-16 na mão, sem bebida nem comida e deixei a mulher e os filhos nas perseguições e ameaças, deixei o meu estudo e trabalho, deixei todo o meu ser: jovem, filho (a) e pai e mãe.
Eu que andei na luta, que perdi a minha infância, a juventude, a minha formaçãoe o futuro. Eu que assisti à guerra, aos sofrimentos, às dores, às tristezas e às lágrimas. Eu que vi a morte dos meus pais e a violações das minhas irmãs. Eu que chorei pelo meu pai morrendo, pela minha mãe violada, pelo meu filho perseguido, pelo meu irmão desaparecido, pelo meu íntimo amigo esfaqueado, pelo meu tio que chorou por causa da minha tia que foi violada e pelos meusbens que foram saqueados. Eu que percorri montanhas de Timor Lorosa'e, "sae foho, tun foho", com arma M-16 na mão, sem bebida nem comida e deixei a mulher e os filhos nas perseguições e ameaças, deixei o meu estudo e trabalho, deixei todo o meu ser: jovem, filho (a) e pai e mãe.
E, eu que andei por todo o lado do mundo, deixei o meu emprego e o meu futuro, abandonei os meus filhos e a minha mulher.Se eu soubesse que tu ias chamar-me mestiço, árabe e indiano, eu não lutava.
Se eu soubesse que tu ias praticar a corrupção e o nepotismo, eu não lutava. Se eu soubesse que tu ias chamar-me "sarjana super mi", eu não lutava. Se eu soubesse que tu ias chamar-me comunista, cobarde, oportunista e traidor, eu não lutava.Se eu soubesse que tu ias esconder a verdade, eu não lutava. Se eu soubesse que "era" assim o nosso destino, eu não lutava. Se tu estivesses no meu lugar, já tinhas morrido. Se tu estivesses no meu lugar, já te tinhas rendido. Se tu estivesses no meu lugar, preferias viver sossegado em vez de seres vítima, em nome da liberdade e da independência.
"Era", ninguém me questionou acerca da minha raça, convicção, religião, estudo, trabalho, ideologia, partido, relação e família.
Eu lutei para que gente desta terra possa dizer «sou…sou…independente», eter harmonia, tranquilidade, liberdade, paz e justiça. Eu não lutei para a injustiça e a incerteza do meu futuro.
Afinal, quem é que ganha com tudo isso? Afinal, para que lutámos? Para que sofremos?
Se continuarmos assim, não seremos livres e independentes. Se continuarmos assim, a Indonésia rir-se-á. Se continuarmos assim, seremos todos "hipócritas".
Agora, é tempo de repensar…
BASTA !!!
A guerra civil entre nós. As confrontações entre nós. As manipulações e explorações entre nós. Agora, a liberdade já é nossa, e As cinzas também são nossas.
Celso Oliveira
Poeta e escritor timorense
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