Informativo -Notícia 2008-02-07 10:24:00
"Da parte do Estado, Alfredo Reinado não é uma ameaça real à estabilidade", afirmou Xanana Gusmão numa entrevista de balanço dos primeiros seis meses do IV Governo Constitucional, que se completam amanhã.
"Da parte do Estado, Alfredo Reinado não é uma ameaça real à estabilidade", afirmou Xanana Gusmão numa entrevista de balanço dos primeiros seis meses do IV Governo Constitucional, que se completam amanhã.
"Da parte da população, (Reinado) é uma ameaça, já que ele não actuou sozinho e os jovens saíram para a rua em Díli quando viram o ataque a Same", por tropas australianas, a 3 de Março de 2007, referiu.
"Os jovens aqui, em Díli, acham-no como herói. Há boa gente que eu conheço e de quem sou muito amigo e (o apoio) é mais por uma questão de vingança política", acrescentou Xanana Gusmão sobre o ex-comandante da Polícia Militar timorense e um dos protagonistas da crise de 2006, que levou à queda do governo chefiado pelo líder da Fretilin, Mari Alkatiri.
"Não é em termos de crença ou de pensamento, mas por causa do começo do problema, com uma frase que surgiu a certa altura e sem a qual os peticionários praticamente não teriam tido grande impacto", sublinhou Xanana Gusmão.
A frase é "vocês do oeste não lutaram", precisou, referindo-se à alegada diferença de contribuições para a luta contra a ocupação indonésia consoante a origem geográfica. "Dentro deste mal-estar político, que assolou a consciência de muitos combatentes da libertação nacional, o Alfredo apareceu como o que reporia, não a verdade dos factos, que já existiu, mas um contrapeso dessas coisas", disse.
"Criou-se e continua a alimentar-se uma imagem que eles estavam a necessitar. Não é exactamente um conflito de gerações porque quem lhe dá maior apoio é uma geração velha da parte oeste, de quadros clandestinos com quem eu estou sempre em contacto e a tentar lavar-lhes o cérebro", explicou o primeiro-ministro, rindo.
O caso de Reinado "não é uma guerra de legitimidade e comigo muito menos. São pessoas que eu conheço (que o apoiam) e se eu os mando para o Ramelau eles vão, se eu os mando vir eles vêm", sublinhou Xanana Gusmão.
O problema, acrescentou o primeiro-ministro, é que Alfredo Reinado "surgiu num mal-estar político que, com o correr do tempo, se tornou numa figura de quem eles necessitavam".
Xanana Gusmão defendeu na entrevista à Lusa que "devia-se ser mais duro" com Alfredo Reinado, um homem que "não merece confiança porque muda todos os dias de opinião".
O primeiro-ministro recordou inúmeras reuniões "quentíssimas" que teve enquanto Presidente da República e adiantou que "o Estado ia fazer uma concessão inédita que era enviar o tribunal a Gleno fazer uma audição sobre o caso do Reinado", no início de 2007.
"O próximo passo seria discutir com Reinado para ele não entrar com armas no tribunal e foi então que ele tirou as armas" a três postos de polícia fronteiriça em Maliana, oeste, em Fevereiro de 2006, contou.
"Discutimos todas as opções possíveis mas sempre chegámos à opção moderada", recordou o primeiro-ministro.
"Aí é que a componente pensante da sociedade timorense peca por demasiada divergência de opiniões", notou Xanana Gusmão sobre a estratégia que tem sido seguida pelo Estado timorense.
"Há partidos envolvidos, e quando digo partidos não digo Fretilin, digo partidos no plural. Há líderes envolvidos, organizações e grupos. Nós estamos divididos na percepção da substância", disse o primeiro-ministro.
"É gente a mais e é por causa disso mesmo" que ainda não se resolveu a questão, acrescentou.
Alfredo Reinado, fugido à justiça desde Agosto de 2006, está acusado de homicídio, rebelião e posse ilegal de material de guerra.
O militar foi um elemento central na crise política e militar de 2006, desencadeada por um grupo de peticionários das Forças Armadas e que deixou, até hoje, uma herança de 100 mil deslocados internos.
Para Xanana Gusmão, o caso de Alfredo Reinado, a situação dos peticionários e os deslocados são problemas "interrelacionados" aos quais o seu governo procura dar uma resposta abrangente.
É verdade que Major Alfredo Reinado não é uma ameaça à estabilidade Nacional. Se fosse verdade já tinha impedido o andamento das campanahs eleitorais de presidenciais e legislativas de 2007. Se fosse verdade teria matado muita gente. Ele teve conflito armado mas nunca contra os civis.
ResponderEliminara ameaça seria aquele fala mais que fazer. Seria aquele que não colabora com as autoridades em termos de segurança. Seria aquele que nunca reconhece as suas culpas...e mais
Félix de Jesus
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