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A GUERRA DE MANUFHAI – 3ª FASE

Estávamos no mês de Julho de 1912. No dia 17, a 10 ª Companhia moçambicana chega a vila de Same, mas estava destruída. A companhia foi encarregada de ocupar a parte oriental da colina de Leo-Laco, num sítio chamado Bandeira. No dia 19 as forças governamentais lançam uma mina de 42 kg de pólvora que abre uma brecha na muralha de Riac.

Em consequência dessa acção, dá-se o assalto às regiões ao sul de Riac. No dia 20 os rebeldes atacam Bandeira. Após renhidos combates, o destacamento do governo toma o lado norte de Riac. No dia 21 de Julho Riac rende-se sem reservas. Os rebeldes tiveram 59 mortos. Da população, 4.536 pessoas foram presas. Os prisioneiros tinham em seu poder 342 espingardas, 1.100 azagaias, 1.800 espadas e nenhuma pólvora. Na tomada de Riac, os portugueses tiveram 40 mortos e 90 feridos. Os portugueses efectuaram 628 disparos e gastaram 30.000 cartuchos. O cerco de Riac durou 41 dias.

E onde se encontrava o líder da revolta, Dom Boaventura da Costa? O valoroso régulo de Manufahi estava entrincheirado no alto de Lao-Laco rodeado dos seus asswain. Tendo conquistado Riac, o governador Filomeno da Câmara planeia o assalto ao monte Leo-Laco. Nos dias 28 e 29 de Julho, as forças governamentais ocupam cinco postos avançados de um lado e do outro da ribeira Aiassa. Travam-se os combates. No dia 1 de Agosto, a 10 ª Companhia moçambicana é rechaçada de uma aldeia, mas no dia 3 voltou a controlar essa povoação. No dia 5 de Agosto, Dom Boaventura e os seus guerreiros tentam uma sortida contra as linhas portuguesas. Mas no dia 6, os portugueses conseguem penetrar no reduto de defesa à volta de Leo-Laco. Num dos cumes da colina, são tomados os víveres e um canhão japonês. No dia 8, o acampamento de Dom Boaventura ainda não era tomado. As penetrações nesse reduto eram difíceis, pois rebeldes haviam fortificado trincheiras e ofereciam resistência. Os combates entre os sitiados e os atacantes prolongaram-se até o dia 10 de Agosto.

Vendo-se cercado pelo inimigo, Dom Boaventura envia ao governador novas propostas de rendição. Promete pagar uma indemnização de guerra e render-se com toda a sua gente se os portugueses abandonassem o cerco e se retirassem para Same. Mas Filomeno da Câmara recusa a proposta e matem firme o propósito de subir ao cume de Leo-Laco. Vendo recusada a proposta de rendição, Dom Boaventura manda os seus homens continuar a luta. Assim no dia 10 de Agosto, à noite, na zona leste de Leo-Laco, um grupo de rebeldes conseguiu forçar o bloqueio e obrigou a recuar a 10 Companhia, os moradores e os auxiliares. Deu-se então a fuga de muitos rebeldes para as florestas vizinhas. Alguns deles são caem mortos, mas a maioria conseguiu escapar-se. Na zona oeste, os rebeldes forçavam também o cerco e tentavam escapar-se. Infelizmente muitas mulheres e crianças foram feitas prisioneiras. Os combates prosseguem no dia 10 de Agosto à noite. O avanço dos portugueses para cume de Leo-Laco intensificava-se. Os rebeldes, não podendo resistir, procuravam brechas para se escaparem. Nessa noite um grupo de assuwain preferiu matar as mulheres e filhos e depois suicidando-se do que entregar-se aos invasores que certamente lhes cortariam a cabeça e levaria como troféu para suas aldeias mulheres, crianças e adolescentes. Na parte de sul de Leo-Laco, cadáveres de rebeldes jaziam pelos caminhos e no meio das ervas. Dom Boaventura e alguns dos seus guerreiros conseguiram atravessar as linhas portugueses e penetrar nas florestas do sul.

No dia 11 de Agosto de 1912, o régulo Dom Boaventura tinha-se refugiado na floresta de Pau Preto junto de Betano.

Porto, 19 de Janeiro de 2012.
Dom CARLOS FILIPE Ximenes BELO

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