Segunda autoflagelação do Xanana Gusmão
PM Kay Rala Xanana Gusmao |
Neste início do ano de 2015, destaco as
autoflagelações de Xanana Gusmão como figura incontornável do passado recente,
do presente e do futuro.
Xanana Gusmão sempre foi um líder, um
homem com muito carácter perseverança, tem grande alma fraternal, espírito
humildade e senhorio da simplicidade.
Tal como referi na minha reflexão do fim
do ano de 2014 e para completar as avenças descritivas do termo autoflagelação,
continuo com o mesmo termo neste artigo para descrever a entrega que o Xanana
Gusmão fez desde os tempos da guerra até hoje.
A alma fraternal, o espírito de humildade
e dom da simplicidade transformou o espírito de luta dos guerrilheiros numa
grande paixão ao seu líder e Comandante em Chefe das FALINTIL. Isso fez sentir
no seio dos guerrilheiros um sentimento conforto e conciliador, entrega e
submissão permanente às ordens do Comandante Superior de Luta.
Mesmo enfrentar as dificuldades ele (XG)
sempre encontrou mecanismos para unir a força enfrentar a potência ocupante,
com uma resistência armada debilitada e reduzida a pequenas unidades espalhadas
mas foi inesgotável os esforços para estabelecer os contatos e encorajar os
seus elementos dando-os os conselhos, os carinhos, amor e integridade física e
psicológica dos guerrilheiros como condição indispensável para resistir e lutar.
Como líder máximo da resistência o Xanana
Gusmão também teve forte influência na entrega aos interesses superiores de
luta dos partidos políticos de modo que
os partidos se afluam numa só direção de luta e deixando os interesses
partidários com constrangimentos político-ideológicas para outro plano.
Ele (XG) teve muita influência nos
esforços por intermédio do seu representante pessoal e representante especial do
Conselho Nacional da Resistência Maubere Dr. José Ramos-Horta, para unir os
Timorenses da diáspora em torno da autodeterminação e independência bem como a
promoção da reconciliação entre os Timorenses de várias tendências ideológicas
e fações no seio do timorenses incluído os defensores da integração na
Indonésia.
Outro aspeto singular que marca a
diferença do Xanana Gusmão como filho de um povo humilde e simples é a caraterística
dele, a humildade, simplicidades, paciente, trabalhador e corajoso configura-se
na pessoa de Xanana Gusmão como líder nato e carismático capaz de transformar o
impossível tornar-se em possível.
Para muitos, os esforços para a
reconciliação com os timorenses que trabalharam a favor do regime de Soeharto durante
mais de duas décadas seria um desperdício desnecessário e impensável por
motivos óbvios, os ressentimentos das violências e terror da política terra
queimada no pós referendo. Mas Xanana Gusmão teve a coragem de a fizer nesta
era da independência. Prova disso, ele teve esforços nas muitas ocasiões
convencer as populações timorenses deslocadas e encontradas no território da
Indonésia para voltarem a suas terras e aldeias em Timor-Leste, estes são o
exemplos entre ouros esforços.
O espírito reconciliador foi bem
refletido na formação do IV e V Governo Constitucional onde o Xanana Gusmão
como Primeiro-Ministro. Desta vez Xanana Gusmão mostrou-se ao mundo de que os
24 anos de guerra em Timor-Leste não foi uma guerra entre os Timorenses, mas
sim, foi por causa dos efeitos dos sintomas de abandono por um lado e a
política de “dominó” dividir e reinar (devide et impera) por outro.
Nestes quase dois mandatos de executivos que
Xanana Gusmão lidera como o chefe do governo existe alguns membros que no
passado foram muito afetivos aos interesses do regime de Soeharto e trabalharam
direta ou indiretamente para inimigos.
Surge no entanto, a questão de saber se
os executivos do IV e V Governo Constitucional fossem dirigidos por outros
líderes timorenses com caraterísticas diferentes e não pelo Xanana Gusmão, qual
seria a situação de hoje em dia? Como seria as relações de vizinhança,
estabilidade nacional, estabilidade e o equilíbrio regional, e as relações
bilaterais com a República Indonésia, bem como outros países membros
não-alinhados e a própria ASEAN, nada poderia garantir a uma normalidade como
atual?
É nessa situação que Xanana Gusmão oferece a sua capacidade e
oferece dele uma mais valia para os interesses da nação e do povo de Timor.
Esses esforços são contributos que nem todos são capazes de os fazer e isso é
mais uma forma de autoflagelação de Xanana Gusmão aos interesses nacionais.
A terceira autoflagelação de Xanana
Gusmão foi quando, por ordem do Governo
baseado nos termos da resolução do Parlamento Nacional, evocando os superiores
interesses nacionais, imposta a expulsão dos magistrados internacionais dentro
48 horas.
Porque, para o Xanana Gusmão, que sentiu
no seu próprio corpo e os sofrimentos por si sentidos do seu povo durante
muitos anos e que no pós da guerra haja alguém que quer gozar e abusar com a
fragilidade do seu país nesta era da independência e soberana? Então, ficarão a
saber que o Xanana Gusmão nunca teme dos desafios. E como é óbvio, Xanana
Gusmão já estava ciente dos contornos e alguns danos colaterais a deriva da decisão
mas não hesitou de a tomar como legitima
defesa dos interesses do seu país e do seu povo.
A quarta autoflagelação tornou pública
quando no dia 12 de Novembro de 2014, na
ocasião da cerimónia comemorativa do dia de Massacre Santa Cruz, em que ele reclamou,
dizendo que o maior corruptor de Timor é ele (XG). Desta forma Xanana Gusmão retirou
as responsabilidades de alguns dos seus membros do governo que praticam ou
cometeram os atos da corrupção, imputando para si as responsabilidades como principal autor da corrupção que tanto
falam de dentro e fora do país.
O espírito apaziguador e boa vontade de
conciliação entre os Timorenses, a visão profunda e a entrega do Xanana Gusmão
para um Timor-Leste ideal aos Timorenses, sem deixar margem de promiscuidade,
de ressentimento, e de rancor do passado torna-se, neste momento, como um vírus
destruidor do bom nome de Xanana Gusmão e arruinar a sua própria imagem como líder carismático e
incontornável de muitos Timorenses e não só.
Mas a realidade é isso, espera-se a
situação não implica em demasia os projetos do país, a corrupção se supera pela
supremacia luz da justiça e que a roda do desenvolvimento se avance em direção
das nossas perspetivas e a democracia se madureça, o país se evolui e o
sofrimento do martirizado povo de Timor-Leste que se minimize.
Viva Timor-Leste !
Lisboa, 5 de Janeiro de 2015.
O cidadão
Victor Tavares
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