É do conhecimento público o desaparecimento do senhor Francisco Xavier do Amaral. Juntamente com os timorenses elevo ao Céu as minhas preces pelo seu eterno descanso.
A primeira vez que conheci o senhor Francisco do Amaral foi em 1967, no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Dare. Num belo dia apareceu no pátio de Dare um senhor de óculos, de estatura baixa e de bigode. Os meus colegas, curiosos pela estranha visita desejosos de saber as notícias, aproximaram-se e fizeram um círculo à volta dele, ao mesmo tempo que iam fazendo muitas perguntas. Nalgumas das suas respostas, Xavier do Amaral respondia em Latim.
A segunda vez que o vi, de longe, foi em 1975, numa primeira manifestação que a Fretilin organizou diante do Palácio das Repartições (hoje Palácio do Governo). Nesse encontro discursaram Xavier do Amaral Nicolau Lobato.
Frequentando eu os estudos de Filosofia e Teologia em Portugal ouvi pela rádio que Francisco Xavier do Amaral tinha sido preso pelos seus próprios partidários acusado por “alta traição”, e, posteriormente preso pelos indonésios e levado para Bali.
Regressei a Timor em 1981 e tinha ouvido dizer que Xavier do Amaral estava em Bali, a trabalhar numa cavalariça do General indonésio Kalbuadi. Fiquei triste com a sua situação…Um Presidente da republica assim maltratado…
No ano de 1999, ele estava de novo em Timor, para onde tinha regressado para participar na Consulta Popular. Uma vez apareceu em Lecidere e disse-me: “Bainhira Firaku ida nee koalia, bapak sira nakdedar…” Nos anos de 2001 e 2002, nalguns domingos ia frequentar a Missa na capela de Lecidere.
Ficou cheio de peripécias (umas gradáveis e outras desagradáveis) a vida do senhor Francisco Xavier do Amaral. Como todo o ser humano e como todo o político, teve altos e baixos na sua vida. Mas uma coisa é certa. Este filho de liurai de Turiscai, este antigo aluno do seminário de Dare e de Macau, contribuiu para a independência de Timor-Leste. Que descanse em Paz!
Aos Familiares de TURISCAI e Díli, apresento as minhas sentidas condolências!
Porto, 7 de Março de 2012.
Dom Carlos Filipe Ximenes Belo
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