TIMOR LESTE PRECISA UM DIAGNÓSTICO PROFUNDO NA PROCURA DE VERDADE
(José Câncio Costa Gomes)
Timor Leste precisa fazer um bom diagnóstico sobre a sua necessidade real com os seus problemas antes de arrancar para a fase de desenvolvimento como já tinha planeado para o ano 2010. Para entrar no ano de desenvolvimento o estado timorense, os políticos, e a sociedade civil, incluindo organizações não governamentais (NGO), devem preparar-se bem. A política de desenvolvimento em Timor Leste necessita uma introspecção profunda ao longo desta primeira década. Antes de planear cada ministério no Governo deve identificar a questão fundamental de tudo na sociedade timorense. Este precisa um trabalho conjunto para pensar radicalmente do assunto. Muitas vezes as pessoas comentam de corrupção, também faz parte, mas ninguém apresenta o seu conhecimento profundo do que realmente se passa. Este conhecimento é essencial na política de desenvolvimento. Os políticos, os académicos, intelectuais, e os que escrevem nos jornais, têm obrigação moral e dever humano de contribuírem para uma boa formação da opinião pública e ajudar o Governo para identificar as necessidades reais do Povo. Portanto, aprender a ser um político com visão pragmática, intelectual e escritor de qualidade, é muito importante. Neste artigo eu queria partilhar a minha opinião sobre o que se passa na sociedade timorense. Eu não tenciono para criticar, ou acusar, ninguém mas é só para equilibrar a opinião pública sobre o desenvolvimento que está muito parcial. Se nós criticarmos o Governo sem ajudá-lo para avançar Timor Leste então não somos bons parceiros de desenvolvimento, mas somos incómodos ou obstáculos de desenvolvimento.
Para traçar um bom plano de desenvolvimento, com as suas prioridades e estratégias, é necessário de fazer um diagnóstico sobre o que se passa, qual é a nossa doença com as suas causas e consequências. Quais são os problemas que devemos resolver? Na minha opinião, o que Governo deve fazer é criar condições e identificar o que se passa nas administrações públicas e na cultura do Povo Timor. Devemos colocar as coisas nos seus lugares com clareza para que possamos identificar as suas prioridades certas. Os problemas principais, ao mesmo tempo desafios, de desenvolvimento em Timor Leste, no meu ponto de vista, são:
- Falta de conhecimento ou ignorância de necessidade real do Povo;
- Má gestão e falta de profissionalismo, que agravam a corrupção;
- Falta de pragmatismo;
- Má noção de desenvolvimento;
Quando falo de ignorância de necessidade real do Povo significa falta de conhecer bem o que se passa na sociedade. É preciso uma análise social tão profunda, incluindo a nuance da cultura de cada distrito em todos sectores. Isso é um trabalho que acumula várias figuras da gente socióloga, antropóloga, e filósofa, que têm conhecimento sobre a sociedade timorense na sua complexidade. Elas devem identificar e dar o seu relatório ao Governo como poder executivo. O Governo deve planear a sua política de desenvolvimento baseada neste relatório. Se falhar de descobrir o que realmente se passa então a política de desenvolvimento não é eficiente, nem efectivo e nem produtivo, porque talvez não responda às necessidades reais do Povo. Para fazer uma lei ou um diploma também deve conhecer bem a realidade do Povo. Não sei o que se passa com tantos assessores no Estado Timorense, mas acho que não é a culpa deles porque estes são meramente conselheiros, não têm poder executivos nem para decidir. A presença das Nações Unidas (UN), com o seu “staff” muito competente e os seus milhões de dólares, existia já mais de dez anos em Timor para ajudar o desenvolvimento do País mas é grande pena como se fosse de nada. Eu não vou ensinar as nossas autoridades timorenses, mas uma coisa que eles devem fazer com estes conselheiros é ouvi-los com atitude crítica e devem ter uma noção clara sobre o seu Povo, incluindo a sua história e a sua cultura. Acredito que o nosso Governo já tenha essa consciência. Isso não é uma questão de minimizar alguém no Governo mas só um aviso ou uma chamada de atenção sobre aquilo que eu acredito eles (governantes) já tenham conhecido.
Daí vamos reconhecer a má gestão nas administrações públicas como causa principal de corrupção. Para executar os planos de desenvolvimento precisa a gente de gestão, ou os gestores. Se Governo colocasse uma pessoa que não tem conhecimento de gestão no poder executivo, ou na administração pública, então comete um grande erro. Alocação do orçamento tem que ser eficiente, efectiva e produtiva. Essa precisa uma pessoa competente na gestão (um bom gestor) e verdadeiramente timorense. Os cargos executivos devem ser ocupados por timorenses, nunca ser por um estrangeiro nem a gente parasítica; experiência já nos ensinou que durante dois anos sob a governação de pessoas estrangeiras das Nações Unidas (UN) e mais uma década da sua presença, que coisa grande que elas fizeram para nós? É normal porque elas não foram timorenses. Agora a governação é na mão dos timorenses, portanto eles devem trabalhar com coração de Timor. O uso de dinheiro deve ser eficiente e efectivo. Muitas vezes um trabalho que deveria custar U$ 10 dólares ultrapassa para U$ 100 dólares, isso é problema de gestão para gerir e organizar, e muito pouco por intenção de roubar. Essa situação reflecte a falta de profissionalismo da área em si. Os Timorenses têm uma atitude comum de que fazem coisas só por hobby, ou por gosto, não é por profissão. Portanto, falta de profissionalismo no desenvolvimento é uma grande pena. Corrupção acontece muitas vezes por causa desta ignorância, além de intenção para o desvio. A ignorância e falta de profissionalismo agravam mais a intenção de desviar os fundos de desenvolvimento.
Outro assunto principal de desenvolvimento em Timor é por falta de pragmatismo. Há muita gente, tanto no poder político como no executivo, que é muito mais ideológica e teorética do que pragmática. Tudo é politizado e idealizado. Há tantas teorias e estratégias que ficam nos papéis e na mente. Nós, timorenses, aprendemos muitas coisas mas não temos capacidade para implementá-las bem, ou seja não sabemos como é que possamos fazer com tantos dinheiros de enorme orçamento. É normal que ainda estamos na fase de aprendizagem mas devemos pensar já para o futuro melhor. Timor precisa as pessoas pragmáticas para desenvolver. Os políticos, ideológicos, organizações não governamentais, os académicos e jornalistas ou escritores, devem saber o seu papel de serem envolvidos activamente no círculo de desenvolvimento. Vamos a ver próximo ano 2010 será o arranque de desenvolvimento, quer dizer será o momento de implementação, e o desempenho de executar os orçamentos alocados nas respectivas áreas de desenvolvimento. Na lógica desta política quer dizer ao longo destes dez anos da sua existência Timor Leste ainda está na fase de preparação. A pergunta é simples: ao longo desta década quantas pessoas pragmáticas que já estão preparadas para arrancar o desenvolvimento efectivamente e eficientemente? Portanto, os recursos humanos são necessários para implementar os planos e executar os orçamentos. Se não haver preparação então tudo ficará na teoria. Esperamos que tudo acontecerá conforme as expectativas de todos os timorenses.
Outra questão em relação deste é a má noção de desenvolvimento. Muitas pessoas ainda percebem que o desenvolvimento é meramente o assunto de estado. O estado que vai fazer tudo para o Povo. Há muitas gentes ainda não sabiam que o desenvolvimento em princípio é um assunto de todos os timorenses, é uma preocupação de toda a Nação, envolve tudo e todo. É o papel de média de comunicação social para consciencializar a opinião pública sobre o assunto de desenvolvimento. Os jornais, a rádio e televisão, têm papel para formar a opinião do Povo. Portanto, as organizações não governamentais (NGO), os académicos, intelectuais, e jornalistas, devem usar todos meios de informação para consciencializar o público com opiniões críticas construtivas ou seja formativas para opinião pública. O Governo só tem papel principal para criar condições sociais e económicas, facilidades de empregos na sociedade conforme as necessidades requeridas. Boas condições puxam as pessoas para desenvolverem-se e investirem os seus capitais, e criam ambiente criativo na sociedade e ao mesmo tempo atraiam os investidores estrangeiros. Neste respeito devemos considerar altamente estas coisas fundamentais: segurança, lei e infra-estructura, incluindo água, electricidade e estradas. Essas condições promovem investimentos para desenvolvimento em todas áreas. Portanto, um desenvolvimento sustentável depende muito destas condições básicas.
Um bom conhecimento do Povo é necessário para traçar do plano de desenvolvimento. Governo deve classificar os tipos da gente baseando nos: seus usos e costumes, tradições de cultivar, atitudes de trabalho e outras maneiras de ser. Por exemplo, o desenvolvimento do sector agrícola precisa um bom diagnostico para descobrir o que é realmente necessário em cada grupo de agricultor antes de facilitar os meios relevantes para elevar as suas qualidades e quantidades de produto. Se as pessoas já estão habituadas com a cultura tradicional de cultivar arroz, milho, café, então Governo tem dever de preparar condições para desenvolver as suas qualidades de desempenho. Antes de introduzir outros hábitos mais eficazes e modernos é preciso uma orientação no campo. Por exemplo, antes de fornecer tractores aos agricultores precisa de orientação técnica, depois disso também precisa de “follow-up” e de controlo com assistência técnica. Esse é o assunto de cada ministério para gerir.
A ignorância de necessidade real do Povo, má gestão e sem profissionalismo, falta de pragmatismo, e má noção de desenvolvimento, incomodam o desenvolvimento tanto no seu processo como na sua implementação. Portanto, para desenvolver Timor para o futuro melhor todos os sujeitos devem lutar para desmantelar as atitudes mentais que suportam aquelas doenças fatais na construção do nosso querido País. Se toda a gente tiver este esforço então Timor será um paraíso para todos nós, não é só para alguém.
Artigo enviado em exclusivo para o Forum Haksesuk!
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