VISAO MISAO OBJECTIVO HAKSESUK BOLA FH KKN HOME FH LPV ARTIGOS FH MUZIKA LIA MENON FH RESPONDE

20080607

Suspensão da ajuda humanitária que é necessária a quatro milhões de zimbabweanos

As actividades humanitárias das organizações não-governamentais ontem suspensas na sua totalidade são essenciais para mais de quatro milhões de zimbabweanos que delas beneficiam, alertou em Genebra uma porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Elisabeth Byrs.

Os entraves agora colocados pelas autoridades de Harare afecta o trabalho da ONU, que visa ajuda mais de um terço da população, disse Byrs, depois de conhecida a ordem para que as ONGs em serviço no país solicitassem nova acreditação e garantissem não se imiscuir na política.

A utilização da comida como uma arma, para que as populações fiquem inteiramente dependentes do regime e não de instituições estrangeiras, verificou-se num dia em que o líder do Movimento Democrático para a Mudança (MDC), Morgan Tsvangirai, voltou a ser detido e impedido pela polícia de fazer campanha para a segunda volta das presidenciais, a decorrer no dia 27 de Junho.

“O Governo do Presidente Mugabe tem uma longa história de utilizar os alimentos para controlar os resultados eleitorais”, disse Tiseke Kasambala, perito da Human Rights Watch, citado pela revista norte-americana Time, que recorda o facto de 80 por cento da população não ter empregoe de o índice de inflacção ser bem superior a 100.000 por cento.


Aumento da violência

Na semana passada a Amnistia Internacional destacou que a situação dos direitos humanos no Zimbabwe continuou a agravar-se em 2007, com um aumento da violência organizada e da tortura, enquanto dias antes The Economist destacara tratar-se de um dos 18 países menos pacíficos do mundo, com uma vivência algo comparável à do Sri Lanka ou da Birmânia. São bem conhecidas as restricções à liberdade de reunião e de expressão, com a detenção de centenas de pessoas que participam em manifestações pacíficas.

Tsvangirai deveria ontem participar numa sessão de campanha perto de Bulawayo, a segunda cidade da antiga Rodésia, quando foi interceptado na estrada e retido durante 20 minutos. Um pouco mais tarde voltou a ver a sua caravana bloqueada e foi conduzido à esquadra de Esigodini, onde o mantiveram perto de duas horas, segundo explicou à AFP um dos seus colaboradores, Lovemore Moyo.

Já na quarta-feira estivera retido cerca de nove horas na esquadra de Lupane, naquilo que parece ser uma série de obstáculos levantados a uma normal campanha eleitoral e que denota total falta de habituação à prática democrática.

A União Europeia (UE), que financia uma grande parte das actividades humanitárias no país, considerou essencial que os trabalhadores que a elas se dedicam tenham um acesso ilimitado aos mais vulneráveis, que precisam de produtos como milho e óleo de cozinha, de modo a não morrerem à fome.

A ZANU-Frente Patriótica, no poder desde a proclamação da independência, em 18 de Abril de 1980, foi ultrapassado pelo MDC nas legislativas de 29 de Março, realizadas em simultâneo com a primeira mão das presidenciais; e agora não quereria de forma alguma ficar sem a chefia do Estado, pelo que está a recorrer a todos os estratagemas possíveis para impedir o que parece ser inevitável: uma alternância no poder.

Tsvangirai avança para a segunda volta com uma vantagem de 4,7 por cento sobre Mugabe, que ainda conta com a condescendência de alguns dos seus homólogos na região, como o Presidente sul-africano Thabo Mbeki, que o mês passado o visitou e com ele esteve em animada confraternização.

Jorge Heitor, Jornalista do Jornal Público!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.