Por Celso d´Oliveira*
Estamos perante um círculo de diabo, onde existm tantas coisas más e tantas coisas boas! Timor Leste, como todos nós sabemos, é um país novo.
Estamos perante um círculo de diabo, onde existm tantas coisas más e tantas coisas boas! Timor Leste, como todos nós sabemos, é um país novo.
O círculo do diabo, a que me refiro, é a mentalidade. Muitas vezes, eu falo de mim, apenas como um exemplo. Procurei aprofundar os conhecimentos sobre as minhas verdadeiras raízes. Sei que Timor Leste foi colonizado e ocupado pelas forças estrangeiras ao longo de muitos séculos.
Essas ocupações estrangeiras deixaram marcas profundas no povo de Timor. Percebi, então, que, quando eu nasci, a guerra em TL já tinha começado. Não foi culpa minha. Claro!
Cresci com a guerra, durante muitos anos. A guerra formou a minha mentalidade e formação. Claro.
O que é mais importante para os timorenses é mudar a sua mentalidade. Por isso mesmo, muitas vezes eu pensei assim: “Em vez de fazer uma golpe contra o Estado, prefiria fazer muitos golpes em mim próprio, isto é, contra as minhas más intenções, ambições, arrogâncias, vaidades, etc…Em vez de pedir reformas no sistema governamental, prefiro fazer levar a cabo reformas na minha própria mentalidade”.
Acho que esta questão da mentalidade devia ser levada a sério por todos os timorenses.
Por isso, penso que já não é tempo para os timorenses pegarem em armas e matarem-se uns aos outros. Penso que já não é tempo para os timorenses irem gritar em nome da justiça, enquanto, por outro lado, usam as armas para se matarem uns aos outros.
Penso que os políticos timorenses não deveriam continuar a manipular e a explorar o povo de Timor. Penso que os políticos timorenses não deveriam usar o povo como alvo das suas campanhas, para alcançar os seus objectivos políticos. Por isso mesmo, TL precisa de uma “revolução da mentalidade”.
O que se passou em Timor, na “segunda-feira negra de 11.02.08”, é um mau exemplo para o mundo inteiro. É uma tristeza para a democracia, liberdade e direitos humanos.
Senti uma vergonha profunda, quando ouvi as pessoas dizerem que Kosovo é parecido com um Timor na Europa. Por outo lado, tenho esperança e estou orgulhoso, porque em Timor existe, ainda, um homem, Xanana Gusmão, que disse: “uma bala pode penetrar no corpo dum presidente, mas não se pode matar os valores democráticos”.
Estamos perante um círculo do diabo. Eu sou culpado, eu sou herói.
Na minha opinião, o que deve ser feito, é mandar os nossos filhos para a escola, em vez de ensinar-lhes a fazer armas tradicionais. Por exemplo: “rama ambon”.
*poeta e escritor timorense vive na Inglaterra.
Celso,
ResponderEliminarEspero que muita gente leia esta mensagem e que medite nela.
Talvez seja o fermento necessário para fazer renascer paz Nesse país tão martirizado ao longo das ultimas décadas.
José Gomes