Por* Jorge Heitor
Seis anos da independência de um povo sofredor, que ainda não encontrou totalmente a liberdade e o desenvolvimento, na plenitude dos seus caminhos.
Seis anos da independência de um povo sofredor, que ainda não encontrou totalmente a liberdade e o desenvolvimento, na plenitude dos seus caminhos.
Seis anos sobre o dia em que o Todo Misericordioso determinou que não iríeis estar mais subordinados a Portugal nem à Indonésia, mas sim a vós próprios, os timorenses.
Seis anos em que o coração deveria exultar e por vezes sofreu, pois os partos e a infância são por vezes difíceis.
Não pode ser já com o coração pleno de alegria que vos saudamos, depois de tanto que se tem sofrido; mas é – ainda e sempre – com uma palavra de imenso carinho, por esse povo, que há tantos anos conheço, mesmo sem nunca lá ter estado.
Conheço a Pascoela Barreto, o José Luís Guterres, a Maria Ângela Carrascalão, o José Ramos-Horta, o Roque Rodrigues, o Mari Alkatiri, o Rogério Lobato e tantos, tantos outros de vós, com os quais me cruzei em Lisboa, Maputo e Luanda. Todos os dias leio notícias vossas; muitas vezes para aí telefono. Conheci o velho administrador apostólico dos tempos da ocupação e vi depois a forma como o povo português exultava ao saudar o novo bispo, senhor D. Carlos Filipe Ximenes Belo, que um dia encontrei no Palácio das Necessidades, em Lisboa, a apresentar-se na recepção, com toda a sua humildade.
Foi alto o preço da luta pela independência e igualmente alto está a ser o preço destes primeiros seis anos da prática dessa mesma independência, com sangue e lágrimas.
Tendes bons pastores de almas e quiçá até políticos com desejo de fazer algo pelo progresso; mas por vezes eles não têm conseguido entender-se todos; e isso é triste, muito triste.
Esperemos, esperemos ainda e sempre, que a grande conjugação de esforços de José Ramos-Horta, de Fernando Lasama de Araújo e dos demais homens bons que possa haver por esses vales e montanhas, sem esquecer Taur Matan Ruak, saiba ultrapassar as vaidades próprias, e os ressentimentos, para que os próximos seis ou sete anos sejam bem melhores do que os primeiros seis. O mundo é dos audazes. Timor triunfará!
Jorge Heitor
Maio de 2008
* Jornalista do Jornal Público, em exclusivo ao Fórum Haksesuk!
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